No ano passado eu fui para a Argentina, passaria alguns dias em Buenos Aires e de lá, pegaria um vôo da Aerolineas Argentinas até o extremo sul do continente americano, em Ushuaia no auge do inverno.
A viagem é longa, o avião faz uma escala no meio do caminho, o que rende ao todo umas 5 horas de vôo. Mas quando a gente ama viajar e está de férias, isso não é nada.
Cheguei ao aeroporto de Ezeiza com três horas de antecedência da saída do meu vôo. Mesmo sendo um trajeto doméstico, a empresa recomendou que os passageiros chegassem com esse tempo antes da partida.
O vôo deveria sair as 15h e quando me dirigi ao balcão da Aerolineas, soube que o checkin nao poderia ser feito pois o vôo estava cancelado, mas que eu deveria aguardar no saguão do aeroporto, pois ele estaria sendo remarcado, porém, sem previsão.
É o tipo de notícia que ninguém quer ter no meio das férias. Ter seu vôo cancelado e sem saber ao certo quando irá viajar. Sobre o por que do vôo ter sido cancelado? Claro que não disseram. Eu já conhecia essa má fama da empresa argentina e confesso que não me surpreendi. No fundo, lá no fundo eu sabia que alguma merda poderia acontecer.
Cancelamento é o tipo de coisa que acontece todos os dias mundo afora e as empresas cancelam sem pensar duas vezes. Amigão, nós temos reservas de hotel, passeios agendados, com fica?
Depois de 5 horas de espera no saguão de Ezeiza, o vôo finalmente apareceu novamente no painel eletrônico do aeroporto. Fomos para o checkin e… nada! O vôo foi cancelado de novo. Dessa vez, um funcionário da Aerolineas disse que era em razão de uma nevasca em Ushuaia e que o aeroporto de lá não tem condições (leia-se equipamentos) para pousos nessas condições.
Voltamos à estaca zero! Ou melhor, ao saguão frio de um dia em que a temperatura em Buenos Aires estava em torno dos 10 graus.
Depois de ler um livro inteiro e ver pessoas de todos os cantos do mundo indo e vindo arrastando suas malas de rodinhas para cima e para baixo, quase um estudo antropológico, o bendito vôo voltou a aparecer no painel. Pegadinha? De novo? Ok, lá vamos nós.
Era umas 21h, eu já estava ali por 9 horas quando o checkin finalmente foi aberto. Dessa vez, para valer, ou eu acreditava nisso. Fato é que, o procedimento foi feito, o vôo foi confirmado para as 23h e me dirigi a sala de embarque.
Eu adoro salas de embarque, sempre tem alguma coisa para ver ou fazer, mas o embarque doméstico de Ezeiza não é essa Brastemp toda. Mas enfim, tinha wi-fi e umas lojinhas para ajudar a passar o tempo.
Já era umas 22h30 e nada de avião no gate indicado, quando de repente: vôo atrasado. Ah, você jura? Sim, o vôo estava atrasado e sem previsão de decolar. Nem avião tinha, na verdade. Como assim? Teletransporte já existe?
O vôo foi remarcado para a 1h da manhã, 13 horas depois de eu ter chegado ao aeroporto e… remarcado finalmente para as 2h da manhã. Quando sim, decolamos naquele velho Airbus com cheirinho de mofo e poltronas encardidas rumo ao extremo sul, ou “el culo del mundo” como dizem lá.
Foram 14 horas de espera no aeroporto. Desrespeito com o passageiro é pouco, se por um lado todo esse atraso foi gerado por problemas meteorológicos, caberia a Aerolineas providenciar hospedagem para os passageiros, já que eles não faziam a menor ideia de quando o vôo sairia.