Quais razões você teria para visitar um antigo campo de concentração nazista? Pela história, por curiosidade ou porque estava “no pacote”? Eu queria visitar pelas minhas raízes, sou judeu e a vida inteira a história do holocausto fez parte das conversas de família e da minha vida. Ainda não fui a Auschwitz, pretendo ir um dia e como passaria por Munique na minha viagem a Alemanha, reservei um dia para visitar o lugar o Campo de concentração de Dachau.
Como chegar a Dachau
Dachau foi o primeiro campo construído pelos nazistas em 1933, fica nessa cidadezinha ao lado de Munique e o acesso é bem fácil por trem. Da estação central de Munique, basta pegar o trem da linha S2 em direção a Petershausen e descer na primeira estação da cidade, a Dachau BF (Dachau Bahnhof), na frente da estação tem um ponto de ônibus de onde saem as linhas 722, 724 e 726 que passam pela entrada do Campo de Concentração.
Não tem muito erro, basta seguir o fluxo dos turistas, é tudo muito bem sinalizado, tanto na parada de ônibus, quando no letreiro dos ônibus em si.
Eu recomendo comprar o bilhete “Single all day Munchen XXL”, pois ele cobre a viagem até Dachau e também inclui o ônibus e como é um bilhete válido para o dia inteiro, você ainda pode fazer várias outras viagens com ele.
O campo de concentração de Dachau
O Campo de concentração de Dachau fica meio escondido entre altas árvores, na entrada tem um prédio moderno com centro de informações, um café e banheiros. A entrada é gratuita, mas você pode pagar 10 euros por um audio guia, eu não achei necessário.
Depois de um caminho de uns 100 metros entre árvores, a gente chega na entrada do antigo Campo de Concentração. Nesse momento meu coração parou por 1 segundo, é uma sensação estranha, é forte e dá um aperto no coração por saber tudo que aconteceu ali dentro.
A arquitetura da entrada é tipica nazista, lembra outros campos como o de Auschwitz, com uma torre no meio e trilhos de trem até a entrada. No portão o famoso letreiro “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”, em alemão). A ironia é que, quem entrava por aquele portão, jamais voltaria.
Ao entrar no campo, a primeira imagem que vemos são de dois barracões que mantém a estrutura da época, ao todo existiram 34 desses barracões onde cada um podia acomodar 200 pessoas, um total de quase 7 mil prisioneiros. Mas a verdade é que a superlotação era comum, e Dachau chegou a ter mais de 200 mil prisioneiros.
Dentro dos barracões a sensação é de claustrofobia, imaginar como os prisioneiros viviam naquelas camas empilhadas, mais de um na mesma cama. Lá dentro vemos uma área comum, banheiro e uma sala de banhos coletivos.
Do outro lado fica um grande prédio que era chamado de “prédio de manutenção”, ali ficavam salas administrativas da SS, era onde os prisioneiros eram recebidos, despidos, desinfectados e tinham suas cabeças raspadas. Hoje o lugar é um museu com cartazes, exibição de vídeos, mas também apresenta, objetos de tortura, roupas e bens pessoais dos prisioneiros.
Saindo dali passamos pela “Camp road”, um caminho entre o lugar onde ficavam os barracões demolidos e no fim dessa reta encontramos três memoriais: católico, judeu e protestante.
A esquerda dessa lugar fica um caminho que leva para fora do campo de concentração, e ali fica a parte mais sombria e triste do lugar, os crematórios.
No verão de 1940 o primeiro crematório foi construído, relatos dizem que nessa época os prisioneiros morriam de outras causas que não a execução, esse primeiro crematório foi construído para dar fim aos corpos e as cinzas jogadas no riacho ao lado.
Entre 1942 e 1943 um segundo e maior crematório foi construído, vocês imaginam para que né? Esse prédio a gente consegue visitar todas as salas, inclusive a câmara de gás. Oficialmente ela nunca teria sido usada, mas é bem comum relatos de que ela teria sido usada sim, para extermínio de milhares de pessoas nos últimos anos de funcionamento do campo.
O lugar é como uma fábrica de matar pessoas: uma primeira sala onde os prisioneiros eram desifectados (não faz muito sentido já que eles iam morrer); uma sala seguinte onde eles eram despidos, outra onde aguardavam para entrar no “banheiro”, que na verdade era a câmara de gás. Lá dentro parece um grande banheiro com duchas; a sala seguinte era onde os corpos seriam armazenados e ao lado o crematório com quatro fornos.
Isso era o que os nazistas chamavam de “solução final” para extermínio de judeus, comunistas, ciganos, deficientes e homossexuais. Quando eu entrei na sala do crematório, meu coração parou por mais alguns segundos. Eu fiquei ali, num canto, imóvel. Não conseguia reagir, não conseguia fotografar. Foi muito forte pra mim aquele momento e é como eu disse, cada um tem sua razão para visitar um campo de concentração.
Se por um lado eu estava ali congelado, tinham pessoas rindo e fazendo selfies perto dos fornos onde 42 mil pessoas foram cremadas até a libertação do campo em 29 de abril de 1945.
Dachau foi libertado pela 42ª Divisão de Infantaria do Exército dos Estados Unidos, na época 32 mil pessoas estavam lá, além de centenas de mortos dentro de 39 vagões de trem vindos de outro campo, Buchenwald, e a maioria morrera de fome durante a viagem.
Ao contrário do que muitas pessoas dizem, que “campo de concentração tem cheiro de morte”, não é nada disso, obviamente. É um lugar triste, que serve pra gente refletir até que ponto pode chegar a crueldade do ser humano. E como diz uma inscrição atrás do crematório “never forget”.
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Fabricio! Impressionante acho que vale a visita para conhecer.
abs
Sim, é bem impressionante mesmo, aqueles fornos, meu Deus!
também tenho vontade de conhecer um campo de concentração, apesar de ser muito triste, mas pelo valor histórico de um lugar desses, seu post está muito detalhado, obrigada!
Fabricio, sobre o audio-guia vc lembra se tem em portugues?