Todos os dias, milhares de aeronaves de todos os tamanhos cruzam o céu mundo afora, dos pequeninos para uma ou duas pessoas, aeronaves de pequeno, médio e grande porte. Seja um monomotor ou um colossal Airbus A380, um dia, a vida útil dessas aves chegam ao fim. E o que acontece depois? O que acontece quando os aviões deixam de voar?
Antes de responder essa pergunta, vamos entender o que determina ou não a aposentadoria de uma aeronave.
Aviões são caros, são fabricados para durar, pagar o investimento feito na compra dele e gerar lucro para o operador. As primeiras gerações de jatos, lá final dos anos 50 e 60 eram fabricadas para ter uma vída útil em torno dos 30 anos de operação. Mas ainda é possível ver aeronaves dessa época voando como aviões de carga ou até mesmo de passageiros, como é o caso da Saha Air do Irã que operou até o fim do ano passado um Boeing 707 com 40 anos de uso.
Se a aeronave tiver a manutenção correta, ela pode voar muito além da vida útil para qual foi projetada. Quando um avião está operando, ele sofre uma série de esforços no pouso, decolagem e a constante pressurização a cada vôo desgastam o avião. Ok, eles foram projetados para suportar isso, mas não para sempre. Uma hora, o metal começa a sofrer com a fadiga, por isso a manutenção adequada é fundamental.
Hoje é cada vez mais raro uma empresa operar um avião por muitos anos, um exemplo disso são os A330 da TAM que serão substituídos pelos novos A350 e esse deve ser o modelo a substituir também os Boeing 777. A razão? Todas as empresas buscam hoje o menor custo operacional possível. Um A350 consome 25% menos combustível que um Boeing 777 e até 8% menos que um Boeing 787 Dreamliner, o concorrente direto dele. E hoje, o comsbustível é o maior gasto das companhias aéreas.
Por isso, cenas como essa abaixo, de um Boeing 777 que foi da Varig sendo desmontado com apenas 11 anos de uso pode ser tornar bem comum. É porque desmontado ele vale mais que voando. Vendem para outros operadores os motores, aviônicos e tudo que for de interesse de outra empresa.
Agora que já entendemos o que determina o fim da linha para os aviões, vamos ver o que acontece quando eles param de voar.
Cemitério de aviões
Em vários cantos do mundo existem os chamados cemitérios de aviões, mas nos Estados Unidos é bem mais comum, principalmente nos estados do Texas, Arizona e Califórnia, bem lá no meio do deserto. A razão? A baixa umidade ajuda a preservar os aviões.
Mas porque preservar se é um cemitério? Por que a maioria vai para lá na esperança de aparecer um comprador para dar mais uma chance para eles. Quando as empresas de “primeira linha” descartam um avião, eles podem voar ainda em companhias secundárias, de países pobres ou em companhias cargueiras. Sim, aviões de passageiros podem ser convertidos para carga. É bem comum a gente ver aviões com mais de 30 anos voando nos cafundós da África. Também é bem comum acidentes, já que a manutenção não é lá essas coisas.
E se ninguém compra? Vai para o machado! Na gíria aeronáutica, “mandar um avião pro machado” é desmontar o bichão, vender as peças e componentes de interesse para outras empresas (como o Varig lá de cima) e revender cada centímetro quadrado do alumínio para empresas que compram esse metal para transformá-lo em outra coisa.
É bem provável que você aquela latinha de Coca-cola que você tomou outro dia já tenha transportado milhares de pessoas em algum canto do mundo.
Aviões podem virar casas
Você já deve ter visto alguma vez ou ouvido falar em pessoas que vão lá nos cemitérios de aviões e compram antigas fuselagens, muitas vezes com asas, poltronas e as transformam em moradia.
Como esse senhor do Oregon nos Estados Unidos que comprou um antigo Boeing 727 que um dia pertenceu a companhia aérea grega Olympic Airways e o transformou em um canto para chamar de seu.
Verdade seja dica, não ficou a casa mais bonita do mundo, mas bons exemplos não faltam, como esse outro Boeing 727 ex-Avianca que virou uma casa de luxo na Costa Rica. Não fica devendo em nada a uma boa casa.
Aviões podem virar restaurantes e cafés
Empreendedores mundo afora simplesmente adoram transformar velhos aviões em restaurantes e cafés. E não são poucos, como esse DC-10 que um dia voou na Ghana Airways e que hoje é um restaurante em Acra. Dá uma olhada no que as pessoas dizem no Tripadvisor.
Ainda na África, a Ethiopian Airways transformou um antigo Boeing 737 em seu restaurante, eles oferecem até um serviço de leva e traz. O lugar pode receber até 60 pessoas por vez.
No Irã, esse Boeing 707 ex-PanAm virou o Air Restaurant, ainda aproveitaram todas as poltronas da primeira classe e montaram mesas para 4 pessoas. Todo o interior foi mantido bem fiel ao layout original do avião.
A Coréia do Sul é o lar do segundo Boeing 747 construído, o Clipper Juan Tripple da PanAm e hoje é um enorme restaurante. Por fora ele está bem deteriorado, mas por dentro é puro luxo. Dá uma olhada.
Aviões podem virar hotéis
Esse é um outro caso bem bacana de reutilização de antigas aeronaves, como um gigantesto Boeing 747 outro ex-Pan Am transformado em hostel, o Jumbo Stay que tem ótimos quartos e boas áreas de convivência. Dá para se hospedar em pequenas suítes até dentro dos motores, é sensacional.
A KLM também pegou um de seus MD-11 que estavam sendo aposentados e montou em parte do seu interior um apartamento incrível e alugou via Airbnb. Não que a KLM precise dessa grana, mas é uma ótima ação de marketing e os apaixonados por aviação se apaixonaram.
Aviões podem virar barcos
Esse certamente é o uso mais inusitado de todos, um avião transformado em barco. O Cosmic Muffin é um antigo Boeing 307 que foi transformado em barco e navega pelo mar em Fort Lauderdale, na Florida.
* Foto de capa: Szaro Gabon (Airliners.net)
Sigam o Vou na Janela no Facebook e no Instagram