Quando eu embarquei em Bangkok com destino a Hong Kong, publiquei no meu perfil pessoal no Facebook que estava indo ver a China. Em se tratando de um país desse tamanho, com tanta diversidade geográfica e cultural, para ver a China é preciso percorrer milhares de quilômetros e sempre vai ter algo que ficará de fora. A minha frase foi uma ironia, já que Hong Kong está e sempre esteve bem distante da China.
Para contextualizar, Hong Kong faz parte da China, mas até 1997 esteve sob administração britânica. Enquanto a China esteve fechada para quem vinha de fora, Hong Kong desfrutava de marcas de luxo, McDonalds e Coca-Cola. Enquanto os chineses do continente não tinham acesso a informação, os chineses de Hong Kong já surfavam na internet.
Toda essa liberdade no território fez de Hong Kong uma metrópole mais global e menos chinesa. Andar pela cidade é como andar por Nova York ou Londres, com gente bonita e bem vestida, a trabalho ou a passeio. No subsolo vias rápidas e linhas de metrô que chegam a todos os pontos. Na superfície uma quantidade sem fim de shoppings e loja de marcas de luxo.
Andando pela Canton Road, a gente se surpreende com a absurda concentração de marcas como Dior, Chanel, Valentino, Prada… todas, absolutamente todas as marcas estão aqui, uma ao lado da outra, brigando para ver qual tem a fachada mais chamativa e sofisticada. Nem na mais exclusiva rua de Londres eu vi tantas marcas em tão curto espaço.
As moças desfilam com suas bolsas Yves Saint Laurent e os moços com seus ternos Armani observando as vitrines. Mas a gente atravessa a rua e tem uma farmácia ou mercadinho vendendo camarão seco na calçada. É como se a China estivesse mandando um recado para as lojas sofisticadas.
Hong Kong é uma cidade cara, a mais cara em que eu já pisei, mais que Londres e Dubai. O salário médio aqui gira em torno de 2 mil dólares americanos por mês, já descontado os impostos. Ganham bem, mas gastam na mesma proporção, um aluguel em uma kitnet no centro da cidade custa em média o equivalente a 2.500 dólares americanos e nas chamadas cidades dormitório, nos arredores de Hong Kong, um apartamentinho de 1 dormitório custa em média 1.300 dólares americanos por mês.
Aqui a gente gasta muito, o dinheiro vai embora rápido. Sem fazer extravagâncias, só com alguns passeios, alimentação e transporte público, o equivalente a 100 euros evaporam da sua carteira em um dia, mais rápido do que em outros cantos do mundo.
A sensação que eu tenho, é que Hong Kong é flagship store de uma marca emergente, o que não tira o brilho da cidade, na verdade, brilho é o que sobra por aqui. Os prédios são incríveis e todos ganham vida a noite, com luzes e efeitos. Uma Las Vegas verticalizada que reúne todas as noites uma multidão de pessoas em Victoria Harbour para ver as luzes dos imponentes edifícios da ilha de Hong Kong, uma das poucas atrações que a gente não paga para ver, mas não sendo injusto, a cidade em si já é uma atração.
Hong Kong é uma cidade interessante, um pouco pasteurizada, mas mesmo assim linda e curiosa. Ver Hong Kong é uma coisa, mas para ver a China é preciso muito mais.
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