Viagens tem o poder de revelar boas surpresas e novas experiências, algumas totalmente inesperadas e são essas as mais memoráveis, como a que aconteceu comigo quando me preparava para embarcar em Lisboa para o Marrocos.
Eu faria meu voo na TAP Express, a nova marca da portuguesa TAP para voos regionais e para o norte da África. Meu voo seria operado por uma aeronave pequena, um ATR72 que já pertenceu a frota da Azul e hoje está voando com cores portuguesas.
O embarque do voo começou normalmente, mas um problema detectado na aeronave obrigou que os passageiros voltassem para o terminal. Não demorou para anunciarem que o ATR não tinha condições de voo e que seria remanejada uma outra aeronave.
Para minha surpresa e da maioria dos passageiros, embarcamos remotamente num antigo Fokker 100. Uma aeronave excepcional, fabricada na Holanda e que já fez parte da frota de grandes empresas mundo afora e ficou famoso no Brasil com a TAM nos anos 90.
O Fokker português nas cores da antiga PGA – Portugália Airlines é uma aeronave reserva na beira da aposentadoria, mas diante da falta de um avião para cobrir a rota entre Lisboa e Marrakech, a TAP mandou ligar os dois motores Rolls Royce e colocar o jato na ativa.
Em questão de uma hora o avião estava pronto para entrar em serviço. Alguns passageiros ficaram surpresos, outros assustados… Eu fiquei um pouco apreensivo, mas achei interessante pois nunca voei nesse avião antes.
Entrar no CS-TPC foi uma viagem no tempo, o avião preserva o interior que já não encontramos mais hoje em dia. Poltronas largas, de couro, com excelente espaço entre elas e um generoso apoio de braços.
Sinais de uma época que não volta mais, de quando voar era sinônimo de conforto, mas também de uma época em que só a elite voava. Confesso que nem o cheiro de mofo incomodou.
Decolamos suavemente e o zumbido dos motores britânicos nos conduziu rumo ao sul e ao território africano. Uma forte turbulência na aproximação a Marrakech foi vencida com força pelo jato de pouco menos de 100 lugares.
Depois de um pouso suave, chegamos bem.
Como sou curioso, ao chegar no riad onde fiquei hospedado em Marrakech eu fiz questão de pesquisar o histórico daquele avião. Aí veio a surpresa! Ele foi encomendado pela Braniff, uma empresa americana que foi muito importante no seu tempo e que fechou as portas nos anos 80, construído para a gloriosa Panam em 1990 e incorporado a Portugália em seguida.
Agora sim, aquelas poltronas gostosas de couro azul fazem sentido. Eu voei num legítimo jato construído para a Panam, talvez, a empresa mais luxuosa da sua época e pude ter um gostinho de como deve ter sido cruzar o céu numa época em que voar era um acontecimento.
Provavelmente aquele foi um dos últimos voos dele, quem sabe o regresso a Lisboa terá sido o último?! Aviões tão antigos demandam mais manutenção e consomem mais combustível que os aviões modernos, espécies assim não tem muito lugar na eficiente aviação de hoje.
Mas uma salva de palmas para o valente jato holandês com seu invejável currículo de 26 anos de serviço.
E o que acontece quando um avião deixa de voar? Já falei disso aqui no blog, dá uma olhada.
Sigam o Vou na Janela no Facebook e no Instagram
Deve ser incrível cochilar numa poltrona dessa haha.
Foi ótimo hahaha, não posso reclamar. Ah se ainda fosse assim.
Precisa ter muita coragem para voar num Fokker 100. Parabéns pela sua porque eu não teria !!!
Quanta bobagem dizer que precisa coragem para voar no F100, quem fala isso é por que acreditou na mídia falaciosa daqui do Brasil na época do acidente da TAM.
Amigo, onde você leu isso? Eu disse “Eu fiquei um pouco apreensivo, mas achei interessante pois nunca voei nesse avião antes.”