Desde pequenos, nossos pais nos levam para ver bichinhos no zoológico, aquário e no circo. Quem nunca se encantou com os macaquinhos e os leões quando o circo chegava na sua cidade? Muito antes da gente ter qualquer noção do que é certo ou errado, a gente já apoiava a exploração animal. E eu acredito que até hoje a maioria das pessoas quando visitam um show de baleias na Flórida ou pagam para andar no lombo de um camelo, não tem realmente a noção de que estão apoiando e sustentando o turismo de exploração animal.
Eu nunca gostei de zoológicos, sempre achei que lugar de bicho é no seu ambiente natural. Mas acho que antes de viajar para a Ásia eu não tinha essa consciência moldada da forma que eu tenho agora.
A virada de chave na minha cabeça começou quando vi como animais são explorados na Tailândia e no Camboja. E como essa prática não é nada legal. Eu visitei o Tiger Temple de Chiang Mai no norte da Tailândia a convite, não pagaria jamais por isso, não vi animais sendo agredidos, mas vi animais talvez dopados e domesticados. Num primeiro momento a gente fica encantado com a beleza do bicho, mas depois a gente começa a pensar que lugar de bicho é na natureza, não em uma jaula.
O sinal vermelho acendeu de vez quando quando eu estava no Camboja, no dia em que um elefante morreu de exaustão e foi notícia até na BBC e depois replicado em centenas de veículos, inclusive no Brasil. Como pode um animal tão grande e poderoso pode morrer assim?
No Camboja os elefantes começam a carregar turistas para cima e para baixo na região dos templos de Angkor Wat muito antes do sol nascer e só descansam a noite. São horas e horas carregando 4 ou 6 pessoas sem comer e beber, em um dos lugares mais quentes do mundo e eu não estou exagerando, nesse dia, a temperatura chegou aos 45 graus.
Se você está em dúvida se determinado passeio se trata de turismo de exploração animal, pense se aquele bicho está onde deveria realmente estar? Se aquele é o habitat natural dele. Pergunte para si mesmo se o que ele está fazendo, ele faria normalmente na natureza?
Já nadei com botos na Amazônia, apesar deles estarem soltos no rio, as pessoas pagam por isso e a interação com o homem muda o comportamento dos animais. Não é justo, não é nada honesto e confesso que não faria isso novamente. Felizmente a gente aprende com os erros.
Tigres e leões são animais selvagens, certamente você correria deles se os encontrassem na natureza. Já viu alguém dando beijinhos nos golfinhos em alto-mar?
Retirar animais dos seus ambientes e mantê-los confinados em jaulas é desumano, lembra do caso do garoto americano que caiu na jaula dos gorilas nos Estados Unidos e o animal foi sacrificado? A culpa é do animal? Lembra dos argentinos que retiraram um filhote de golfinho da água para fazer selfies e o bicho morreu em seguida? E o caso da onça Juma que foi abatida após aquela palhaçada com a tocha olímpica em Manaus? Por que diabos o exército brasileiro precisa ter uma onça como mascote? O erro é do animal? Ou nosso?
Verdade que existem animais em zoológicos que se não estivessem lá, já estariam provavelmente extintos, mas vamos combinar que um erro não justifica o outro.
Mas também tem casos e casos, é diferente do turismo de observação animal, que é bem comum na África. Os animais estão lá, no ambiente deles, em parques nacionais de preservação e não há nada errado nisso, desde que o seu guia não perturbe a paz dos bichos.
O Parque das Aves em Foz do Iguaçu é um caso interessante de se observar, apesar das pessoas pagarem para ver centenas de aves em enormes gaiolas no meio da mata, são animais resgatados pelo IBAMA e levados para lá para reintrodução, muitos não teriam condições de serem soltos na natureza, simplesmente morreriam. Apesar de que eu penso que lugar de pássaro não é na gaiola.
Qual a saída? Boicote! Só depende de nós interromper a indústria do turismo de exploração animal. Precisamos parar de pagar para ver animais confinados. Pense nisso.
Dica: Para se aprofundar mais nesse assunto, o blog Olhos de Turista fez um post super completo com as 10 atrações mais cruéis com animais silvestres (clique aqui)
Leia mais
Tiger Kingdom em Chiang Mai: tigres drogados ou não
Como é a visita ao Parque das Aves em Foz do Iguaçu
Nadando com botos no Amazonas
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Ler esse post chegando hoje da África tem um peso ainda maior.
Concordo com o que disse e acho importantíssimo a gente se conscientizar disso. Eu amo ver animais e ter contato com eles, mas essa vontade não pode, de maneira nenhuma, afetar a vida do animal e seus instintos. É um debate longo, mas acho importantíssimo que possamos fazer mais isso.
Se quiser falar mais, tô aberto ao papo, sempre. =)
Bjs
Oi Rafa, tudo bem? Acho que essa questão da exploração fica ainda mais evidente em países subdesenvolvidos da Ásia e África. Eu ando pensando muito nisso ultimamente e como eu também contribui para isso antes de me conscientizar. Eu acho que a maioria das pessoas que alimentam o turismo de exploração animal não sabem o que estão fazendo e eu acho que o nosso papel aqui é esse, informar e conscientizar. Bjão
Bom dia
Você saberia me dizer se os parques Zorgfontein Eco & Wildlife Reserve, Knysna Elephant Park e Indalu na garden route na Africa do Sul utilizam métodos cruéis com elefantes e leões?
Obrigado
Oi Bruno, tudo bem? Esses parques eu não conheço. Mas na África, as reservas ambientais, onde os animais estão lá soltos e o visitante é apenas observador, não existe maus tratos.
Parabéns pelo excelente texto, considero ser extremamente relevante falar sobre isso.
Imagino uma parceria com as grandes empresas de turismo para popularizar o conhecimento sobre o turismo envolvendo a exploração animal, certamente será uma grande conquista.
Obrigado, Ana. Eu fico extremamente triste quando vejo tais abusos. Eu faço a minha parte, mas os grandes operadores turísticos continuam vendendo esses “passeios”.