Existem alguns lugares que povoam o meu imaginário desde a escola. Teotihuacan no México, a Acrópole em Atenas, a Grande Muralha da China e claro, Machu Picchu no Peru. É mágico quando nos lembramos daquelas fotografias desbotadas do livros de história e geografia e de repente, ficamos cara a cara com estes lugares. Hoje eu vou contar para vocês como é visitar Machu Picchu no Peru.
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Escondida no meio dos Andes Peruanos, a cidade Inca de Machu Picchu é uma das principais atrações da América do Sul e cartão postal do Peru. Classificada pela Unesco como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, Machu Picchu também é uma das sete maravilhas do mundo.
Machu Picchu é tão isolada, que nem os espanhóis que dominaram Cusco durante a colonização encontraram a cidade Inca. E acreditem, a cidade só foi oficialmente descoberta em 1911 pelo explorador e historiador americano Hiram Bingham. Entretanto, já existiam relatos de antes desta data contando a existência de uma cidade Inca no meio dos Andes. Tal isolamento de Machu Picchu, faz com que até hoje a visita seja trabalhosa e feita por etapas.
Veja aqui o passo a passo de como visitar Machu Picchu
Assista o vídeo da visita no canal do Vou na Janela no Youtube
Como é visitar Machu Picchu
Por volta das 6h20 da manhã eu já estava no ponto de ônibus de Aguascalientes, o vilarejo que fica aos pés de Machu Picchu. Eu viajei no dia anterior de Cusco até o vilarejo de trem, acho que fazer o bate-volta de Cusco a Machu Picchu é cansativo e pouco proveitoso.
Os ingressos para visitar Machu Picchu são com hora marcada, no meu post com o passo a passo de como visitar Machu Picchu eu explico tudo isso. O meu ingresso era para às 7h da manhã e eu embarquei no ônibus que saiu do vilarejo às 6h30. São apenas 20 minutos montanha acima.
No caminho tortuoso, entendemos porque Machu Picchu demorou tanto para ser descoberta, a cidade fica realmente muito escondida, a 2.350 metros acima do nível do mar.
Na entrada do sítio arqueológico, acontece a conferência dos ingressos e documentos. Após as guaritas, a névoa típica das manhãs de Machu Picchu toma conta do caminho. Existem 4 circuitos para visitar o lugar e você precisa comprar o ingresso de acordo com o circuito que pretende visitar. Não dá para comprar na hora, os ingressos precisam ser comprados pela internet e com antecedência.
Eu optei por fazer o Circuito 2, que é o maior e mais bacana. É aquele que começa por cima e de onde temos uma das vistas mais icônicas de Machu Picchu. E para fazer tal circuito, precisamos subir mais e dessa vez, é a pé.
Mesmo Machu Picchu estando a uma altitude menor que Cusco – que está a 3.400 metros acima do nível do mar – a gente sofre um pouco com o mal da altitude. Eu senti falta de ar, mas coloque nessa lista a dor de cabeça, náuseas e tontura. É o soroche presente durante a visita.
As cortinas se abrem
Quando eu cheguei no ponto mais alto do Circuito 2, Machu Picchu estava encoberta pelas nuvens e neblina típica daquela hora da manhã. Mal dava para ver as ruínas, um clima de mistério e ansiedade pairava sobre o lugar. Todos ficam em silêncio, tentando enxergar algo além das nuvens.
Mas em questão de minutos as nuvens começaram a ir embora e foi como se as cortinas de um grande teatro fossem abertas, revelando o espetáculo chamado Machu Picchu.
Ver tudo aquilo pela primeira vez foi mágico. Para mim, que trazia a memória afetiva desde a época da escola, foi muito especial. Machu Picchu em idioma quéchua significa “Montanha Velha” e até hoje não se sabe exatamente como esta cidade foi construída em local tão isolado e as razões. Como os imensos blocos de granito foram levados até lá em cima?
A cidade foi povoada entre 1450 e 1540 e depois foi abandonada, foram menos de 100 anos de ocupação. Por que tão pouco? Por que foi abandonada? São apenas algumas perguntas que fazemos quando visitamos Machu Picchu.
Contratar um guia não é obrigatório, mas é bacana pois eles trazem informações que ajudam a contextualizar ainda mais a visita. Explicam que ali naquele pedra aconteciam cerimônias com possivelmente sacrifícios humanos, o que pode dar um nó no estômago do visitante.
Mas mostra também detalhes mais amenos como o sistema de irrigação que funciona até hoje, como os incas plantavam e cultivavam legumes e hortaliças no alto da montanha. Onde as pessoas viviam e os templos cerimoniais, como o Templo do Condor e o fantástico Templo do Sol. Com duas duas janelas, uma para o oeste e a outra para o lado norte, serviam para indicar os solstícios e equinócios. Sabendo assim, quando começavam as estações do ano.
Ruínas na beira do abismo
O caminho pelo circuito 4 nos conduz ao interior da cidadela. Passamos pelo portão principal e nos enveredamos pelos caminhos, becos e ruelas da cidade Inca.
Aqui vivia uma família, aqui vivia alguém muito importante e ali aconteciam algumas cerimônias. O guia nos explica e a nossa imaginação viaja. Caminhar pelas ruelas da cidadela, entre uma construção e outra na beira do abismo mostra como deveria ser desafiadora a vida em Machu Picchu.
Passamos por Wayrana, o templo principal no meio da cidade. Com três paredes de pedra e um dos lados abertos para as montanhas, era como a praça central da cidade inca. Dali, mais uma caminhada à beira do abismo e subimos até o ponto mais alto dentro da cidade, a Intihuatana. Um ponto que funcionava como observatório astronômico e relógio solar, com uma grande pedra em seu interior com quatro faces, uma voltada para cada ponto cardeal. É realmente impressionante a genialidade dos Incas e os avanços que uma civilização tão antiga alcançou.
E depois de percorrer toda a parte mais alta de Machu Picchu, chegamos na parte baixa. O setor urbano, onde a maioria dos habitantes comuns viviam. Passamos pelo Templo das 3 portas, o Palácio dos Morteiros, Intimachay, o Templo do Condor com suas enormes janelas com vista para as montanhas e que também tem uma área de prisões.
Em seguida o roteiro segue pela região das fontes e que ainda funcionam. Logo abaixo vemos os campos onde os incas cultivavam seus vegetais, antes de finalizar o Circuito 4 de Machu Picchu.
Huayna Picchu e Machu Picchu Mountain
A visita às montanhas Huayna Picchu e Machu Picchu são dois roteiros separados que necessitam de ingressos específicos para isso. A Huayna Picchu é uma das mais concorridas e os ingressos são limitados e esgotam com facilidade.
A subida é difícil e também cansativa. Quem já fez, diz que o visual é bacana, mas se você procura conhecer Machu Picchu e ter a mesma experiência que eu tive, visitar Huayna Picchu não é obrigatório.
Recentemente o governo peruano abriu mais uma montanha para visitação, a Huchuy Picchu. Portanto, caso vocês queiram dar um passo além de um dos roteiros tradicionais de Machu Picchu, estas são as opções.
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Eu terminei a minha visita por volta das 10h30 da manhã. Que é quando começam a chegar os enormes grupos vindos de Cusco que fazem o bate-volta e Machu Picchu fica caótica. Portanto, o melhor horário é entre às 7h e às 10h da manhã, sem dúvidas.
Visitar Machu Picchu é uma experiência única na vida. Daquele sonho de criança, que adorava os livros de história e geografia. E a boa notícia é que estamos falando de um lugar relativamente perto do Brasil e totalmente acessível.
Vídeo
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Legal, vou fazer o mesmo, já comprei os ingressos pra entrar às 7h, vamos dormir em Águas Calientes e fazer o circuito do Huchuy Picchu tb. Eu já subi a Huayna Picchu no século passado hahaha, naquela época era só subir e pronto, não tinha que reservar nada. Mas entendo o limitador do turismo que cresceu demais na região.
Legal! E se vocês forem subir de ônibus, já compra a passagem na véspera e peguem o ônibus das 6h30.
Oi Fabrício! Amei conhecer seu blog, está me ajudando muito com informações mais atualizadas sobre Machu Picchu! Vou em agosto e estou cheia de dúvidas. A primeira: você contratou guia, não é? Você contratou com antecedência ou na entrada da Cidade Perdida? Poderia também me falar o valor do guia? Outra dúvida: eles de fato controlaram seu tempo de permanência lá? É realmente de 4 horas a permanência máxima? Muito obrigada!!!!!
Oi Fernanda, tudo bem? Que bom que está gostando, também tem vários vídeos no Youtube. Sobre o guia, o legal de contratar é que deixa a sua visita mais rica. Só que com o guia, a visita vai durar em média 2 horas pois é ele que vai ditando o ritmo (pra pegar outro visitante e ganhar mais naquele dia) e isso não é legal pois o bacana é ver Machu Picchu sem pressa. Eles recomendam ficar no máximo 4 horas mas não vi ninguém controlando e acho que nem tem como controlar isso. E sobre o valor do guia, varia bastante e tem que negociar, mas custa em média 100 a 150 soles. E contrate o guia na cidade (vários ficam em volta do ponto do ônibus). Contratar lá em cima é mais caro.
Muito obrigada, Fabrício!!! Seus posts e respostas tem ajudado demais a clarear aqui essa parte da viagem!