Mesmo que você nunca tenha lido a obra de Jorge Amado ou de Zélia Gattai, é bem provável que você conheça sucessos literários que foram adaptados para a televisão como Gabriela, Tieta, Dona Flor e seus Dois Maridos entre outros. É impossível passar despercebido pelo legado deixado por este casal de ícones da literatura nacional. Portanto, durante a minha viagem a Salvador, eu não poderia deixar de fora a Casa do Rio Vermelho, como é conhecida a casa onde Jorge Amado e Zélia Gattai viveram por 40 anos.
A viagem pela intimidade do casal começa pelo imenso jardim, que já recebeu visitantes ilustres como Caetano, Nelson Pereira dos Santos, Sônia Braga, Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
É neste mesmo lugar que foram depositadas as cinzas do casal, aos pés de onde havia uma enorme mangueira que precisou ser cortada. Mas a magia permanece ali, nos banquinhos de alvenaria revestidos de azulejos, sapinhos, jasmim de cerâmica – uma das paixões de Jorge – e uma imagem de exu, que recebe uma cachacinha toda segunda-feira.
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Então entramos na casa, reorganizada como museu, mas que conserva praticamente toda a sua originalidade desde a morte do casal. Jorge partiu em 2001 e Zélia em 2008. A ampla sala guarda memórias que se espalham por todos os ambientes. Um casal de viajantes, mesmo com Jorge tendo pavor de voar, conheceram 110 países.
Os sofás, as cadeiras, a máquina de escrever e os óculos com sua armação grossa e pesada, uma das marcas do autor. Passamos por um dos quartos, onde viveu a mãe do autor e depois os netos. Entramos na cozinha, um dos meus ambientes favoritos na casa. Móveis e eletrodomésticos antigos, louças e apetrechos garimpados nas viagens pelo Brasil e ao redor do mundo. A frente uma outra cozinha, que foi agregada a casa do Rio Vermelho quando o casal adquiriu a casa vizinha e ampliou seus espaços. Este é o único ambiente que foi completamente modificado após a morte dos moradores. Hoje funciona como uma instalação interativa, ligeiramente comprometida por conta da pandemia.
Visitamos a biblioteca, recheada de obras de Jorge Amado e Zélia Gattai traduzidos em dezenas de idiomas. Pela janela a vista do laguinho do jardim interno, mais sapos decorativos.
Então entramos ainda mais na intimidade da Casa do Rio Vermelho. Passamos pelo closet com roupas do casal, cartas que o casal trocou quando ele foi exilado pela ditadura quando passou 19 anos vivendo entre França, Chile, Rússia, Polônia, Argentina e no Uruguai. Ao lado de cartas enviadas por Yoko Ono, François Mitterrand, Oscar Niemeyer, Monteiro Lobato e Érico Veríssimo.
Então entramos no quarto do casal, decorado com objetos de todas as partes do mundo, livros, gravuras, textos. Uma experiência vívida, quase sagrada.
Como visitar a Casa do Rio Vermelho
A casa fica na Rua Alagoinhas, 33, no Rio Vermelho. Não confunda com a Fundação Casa de Jorge Amado que fica no Pelourinho. O Rio Vermelho que também é uma ótima opção de hospedagem em Salvador. A casa funciona das 10h às 16h e a entrada custa R$20 adultos. Estudantes e maiores de 60 anos pagam meia. Nas quartas a visitação é gratuita. Não deixe de passar pela lojinha, tem muita coisa bacana.
A melhor forma de chegar é de táxi ou Uber. A Casa do Rio Vermelho fica pertinho da orla, mas chegar lá a pé é difícil por conta das ruas estreitas, sinuosas e das ladeiras. Você pode combinar a visita com um passeio na orla do Rio Vermelho e ainda comer um acarajé da Dinha, ali pertinho.
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