Eu cheguei em Copenhagen perto da meia noite, as ruas estavam vazias e o vento gelado não foram o melhor cartão de boas vindas. Eu me hospedei no First Hotel Twentyseven, estrategicamente escolhido para que eu pudesse aproveitar ao máximo a cidade.
Esperava chegar no hotel, tomar um banho e curtir um pouco da noite dinamarquesa, mas a única alma viva naquela rua era eu. Sem muitas opções, o melhor a fazer era dormir. Em alguns minutos de insônia eu questionava se tinha viajado na melhor época. Mas a insônia foi vencida pelo cansaço e me entreguei ao sono.
No dia seguinte eu acordei com o sol entrando pela fresta da cortina, me arrastei até a janela e tive uma agradável surpresa. Tudo estava diferente. Ainda estava frio, o vento gelado é algo sempre presente. Mas as ruas estavam cheias, centenas de ciclistas pelas ruas, o céu azul infinito e crianças loirinhas corriam pelas calçadas. Parecia um cartão postal de lojinha de souvenir, um conto do dinamarquês Hans Christian Andersen.
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Copenhagen havia se transformado em poucas horas, aquela era a dinamarca que eu tinha comprado quando planejava a minha viagem. Pensei em pegar uma bicicleta, mas troquei a magrela para descobrir cidade a pé. De rua em rua, de beco em beco e algumas horas admirando os sobradinhos coloridos de Nyhavn. O canal que serviu de porto no século 17, foi obra do Rei Cristiano V, que queria levar o mar até o Kongens Nytorv no centro da cidade.
Do passado de chegadas e partidas, Nyhavn é o lugar mais visitado e fotografado de Copenhagen. Uma profusão de turistas de todos os cantos do mundo tentando a melhor fotografia, a melhor composição. Centenas de turistas armados de paus de selfie até os dentes… “preciso postar no Instagram”, é o que dizia a turista espanhola em busca de uma rede aberta de wi-fi.
Contrastando com as casinhas coloridas com séculos de idade, a modernosa Ponte Inderhavnsbroen conecta Nyhavn a uma das muitas ilhas de Copenhagen. São tantos canais que a cidade é comparada com Veneza, mas as similaridades param por aqui. Em Copenhagen os canais – além de vias de navegação – abrigam barcos que servem de moradia ou de bares, para uma cerveja em qualquer hora do dia, até às 7h da manhã.
Não distante dali a torre dourada da Igreja do Nosso Salvador prende a atenção dos transeuntes. Um colosso inaugurado em 1752 e que de sua torre nós temos a melhor vista da cidade. Uma visão em 360 graus da cidade para quem aceitar o desafio de enfrentar a longa escadaria e chegar até o topo a 90 metros de altura.
A igreja é quase um ponto divisor entre a Copenhagen fofinha e colorida, de uma Copenhagen que pouca gente conhece. Christiania Freetown é um bairro que começa logo ali na esquina, uma espécie de território livre dentro da Dinamarca.
Uma comunidade alternativa que surgiu em uma base militar abandonada, onde a venda e o consumo de drogas é tolerado. Entenda que “tolerado” não é sinônimo de legalizado. As autoridades fazem vista grossa há algumas décadas. Os dinamarqueses se dividem, muitos acham que Christiania suja a imagem de cidade perfeita. É quando a máscara cai e a cidade perfeita mostra que tem os seus problemas.
Quando entramos em Christiania, parece que o mudamos de país, talvez até de continente. A atmosfera é densa, música é outra e o sentimento é de curiosidade e um pouco de apreensão. Já aconteceram tiroteios entre traficantes ali e isso não faz muito tempo.
Christiania começou a ser ocupada nos anos 70 por artistas e hippies em uma antiga base militar desocupada, dentro de Copenhagen.
O paradoxo é tão grande, que Christiania virou ponto turístico. De um lado os traficantes vendendo a sua maconha e do outro turistas chineses apavorados, mas ainda curiosos o suficiente para andar pelos becos de Christiania. Fotos são proibidas, podemos entender a razão. A energia é pesada e confesso que só queria sair dali, antes de ficar tonto com tanta fumaça.
Em um dos acessos a Christiania um ponto de ônibus atrai a minha atenção. Ali passa a linha que liga o bairro de Christianshavn ao Parque Tivoli, o segundo parque de diversões mais antigo do mundo. O ônibus estaciona no ponto e os turistas chineses com as bochechas vermelhas embarcam ainda assustados. Aquele veículo faz uma verdadeira ponte entre dois mundos que coexistem na mesma cidade. Uma espécie de mundo invertido, quem viu Stranger Things vai entender.
Volto a circular entre as ruazinhas do centro, Strøget é o coração da cidade. Onde as lojas de marcas famosas como Prada e Gucci dividem espaço com lojinhas de produtos artesanais e mercadinhos orgânicos e sorveterias. Eles se orgulham de só venderem produtos orgânicos nos mercados.
Já passa das 20h e o sol ainda brilha no céu. Nos meses de primavera e verão, o sol só se esconde depois das 22h e já volta a brilhar antes das 4h da manhã. Meu relógio biológico ficou um pouco perdido e o jetlag se manifestou.
Compro uma Carlsberg e vou para os jardins do Castelo de Rosenborg, me jogo na grama, assim como um algumas dezenas de dinamarqueses. Espero o dia acabar aproveitando o sol preguiçoso e aquele vento frio que não dá uma trégua.
Volto para o hotel ainda com dia claro, já passa das 22h e as ruas estão absolutamente desertas. Só uma bicicleta aqui e outra ali. É no mínimo estranho, mas acho que os dinamarqueses ainda estão esperando o verão chegar.
Se você estiver procurando onde ficar em Copenhagen, aqui no blog tem um post bem completo explicando os melhores bairros e onde você deve evitar. Veja aqui. Mas deixo algumas dicas abaixo.
Eu fiquei hospedado no First Hotel Twentyseven, o preço era um pouco acima do meu orçamento, mas por conta da localização, valeu muito a pena pois eu economizei com transporte. O hotel é perto de tudo, além de ser muito confortável.
Perto da Catedral de Mármore e de Nyhavn fica o Wakeup Copenhagen Borgergade, que tem preços mais atraentes que o First Hotel Twentyseven e pode ser uma ótima opção.
Uma boa opção para quem quer economizar e evitar hostels, na região central da cidade fica o Cabinn City, que é da rede Cabinn de hotéis da Dinamarca. Os preços das diárias costuma ser a metade dos hotéis que eu citei acima e mais barato que alguns hostels de Copenhagen.
Falando em hostels, estes são alguns que foram bem recomendados: Danhostel Copenhagen City, Bedwood Hostel e o Copenhagen Downtown Hostel.
Voltando a falar nos hotéis, se você não se importar em pegar o metrô para ir até o centro, o Cabinn Metro é daquele mesma rede que eu falei acima. Ele tem as opções mais baratas de Copenhagen. O hotel fica ao lado da estação Ørestad de metrô e trem, em um bairro novo.
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